Não mais

Não mais

Evandro Calafange de Andrade

 

Há um certo momento em tua vida

Que insistir na narrativa é perda de tempo.

Afinal, quando acordamos, o espelho revela-te.

Os sorrisos não te encantam mais,

A alegria não te visita mais,

O sol não aquece mais tua alma,

A lua não te faz se apaixonar

Nem por outrem nem por si mesmo,

As noites frias são as únicas que te entendem, consolam-te,

A solidão é tua eterna amiga.

Percebes também que não há mais sentido no caminhar,

Pois não há mais caminhos para ser trilhados.

Apenas o fim se fez presente

E tu se fizeste ausente.

Até porque os teus olhos não têm mais lume vital.

Teu corpo não é mais vigoroso.

Tua mente te perturba

E sabes que o teu sossego está naquela porta aberta.

― Vá em frente sem medo de olhar para trás!

Porque lá atrás ficaram tuas dores.

Aquelas que por dias te machucaram.

Elas, tu as mataste sem dó e piedade

Em cada percurso de uma lágrima em tua face.

Vamos, sorria! Veja! É alegria voltando para ti.

Porque, finalmente, agora és liberdade

No simples vociferar

Adeus!